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Archive for 16 de setembro de 2018

Hoje de manhã, antes de ir à missa, fui reler um pensamento de Pascal. A primeira leitura foi em um uber, quando voltava do trabalho. Trata-se de um pensamento extenso, de algumas páginas, tratando da natureza do conhecimento.

Pascal divide as possibilidades em três. De um lado, os pirrônicos e acadêmicos (cépticos); do outro, os dogmáticos. Pirrônicos são os seguidores de uma corrente que surgiu no platonismo de cépticos, que duvidam de todo tipo de conhecimento. Foi muito influente na modernidade. Os acadêmicos são uma derivação que acredita que nunca conseguiremos saber nada. Pelo que pesquisei, os pirrônicos perseguem o conhecimento, enquanto os acadêmicos não acreditam que seja possível.

Os dogmáticos são os que acreditam na possibilidade do conhecimento pela fé.

Para Pascal, todo mundo tem que escolher entre uma das três seitas, pois não escolher significa ser pirrônico.

Só que todas estas posições são insuficientes. Existem conhecimentos, que são rejeitados pelos pirrônicos, que nos são fornecidos pela própria lei natural. Ou seja, é impossível ser pirrônico sem rejeitar a lei natural. O dogmático, por sua vez, acredita em dogmas que vão contra a razão humana.

Pascal entende que o problema vem da insuficiência do homem em entender o próprio homem. Estamos acima da nossa capacidade racional e por isso o conhecimento mais seguro é o revelado por Deus.

Somos marcados pelo pecado original. Só entendemos conceitos como verdade e felicidade porque nossos pais pecaram. Se tivessem continuado fiéis no paraíso, não conheceriam mentira ou falsidade. Nenhum desses conceitos faria sentido para eles porque felicidade seria nosso estado natural.

Que sejamos responsabilizados pelos pecados de Adão e Eva afronta a razão humana, mas, entende Pascal, sem este mistério o homem se torna incompreensível. Já aceitando o mistério do Pecado Original, tudo mais se torna mais claro.

Dessa forma, o homem se apresenta em carácter dual. No estado de nossa criação, e na graça, somos como Deus. No estado de pecado, nos tornamos animais como os demais.

O homem, resume ele, transcende o homem. Nosso conhecimento sempre será incompleto porque nossa razão não alcança nos entender completamente.

Trata-se de um tenso profundo e não estou seguro se foi realmente isso que Pascal queria dizer. Pretendo voltar algumas vezes e refletir sobre este pensamento de Pascal. Fiquei com a impressão que nessas linhas está condensada toda uma filosofia.

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