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Archive for 2 de janeiro de 2017

Feliz 2017!


É besteira pensar o 1º de Janeiro como uma data qualquer. Cientificamente não há diferença entre este dia e outro qualquer, mas simbolicamente é bem diferente; o ano novo marca o início de um novo ciclo.

Temos uma pré-disposição de considerar o simbólico como algo artificial. Os símbolos são a forma como enxergamos a realidade, eles possuem mais verdades embutidas que a maioria das teorias científicas que nos vendem como verdade. A tendência muito moderna de desprezar os símbolos afasta o homem da realidade mais profunda, do que se chamou de sagrado.

Praticamente todas as tradições religiosas possuem símbolos de renovação. A vida acontece em ciclos, como até mesmo um filósofo atormentado como Nietzsche percebeu. Por isso, é tão comum, mesmo nas civilizações mais remotas, cerimônias anutais de renovação. Antes que pensem que se trata de simples convenção, observem bem o cosmos. Os ciclos estão por toda parte.

As celebrações pagãs do 1º de janeiro refletem os ritos sagrados de renovação. Estamos sempre nos recriando e vivendo novamente. Não é por acaso que tantas situições se repetem e nossa vida mais parece uma sucessão de elipse do que uma linha reta, como perceberam cineastas como Terrence Malik (Tree of Life, To The Wonder). Se no fim da vida conseguimos percever uma trajetória, durante só vemos esses ciclos. As teorias lineares da história nunca vão nos satisfazer pois só perceberemos a história com um sentido, com uma narrativa linear, quando ela terminar e não adianta muito especular sobre seu fim. Qualquer teoria sobre o sentido da história está destinada ao fracasso.

O homem simples, e por isso mesmo mais autêntico, sabe disso. Vive sua vida dentro dos ciclos, celebra o ano novo com espírito religioso, ecos do sagrado, e segue adiante. São os homens complexos, que fazem de tudo para fugir da realidade, que não conseguem entender nada disso. São monotemáticos, subordinam toda vida a um único aspecto, como a política ou o progresso, e vivem a vida como se estivessem em alguma missão civilizadora. Transformam o mundo em um caos. 

Meu caro leitor, seu mundo provavelmente não vai mudar radicalmente no 1º de janeiro, mas isso não é motivo para não celebrá-lo. Um novo ciclo se inicia e, mesmo que não seja muito diferente do anterior, será algo de diferente. Como os antigos perceberam, os ciclos se repetem, mas sempre modificados de alguma forma. 

Antes de terminar, uma última reflexão. Há acontecimentos que atravessam os ciclos, que rompem com a repetição e podem nos fazer mudar significativamente. Mas quantas vezes isso realmente acontece em nossas vidas? E, mesmo que radical para nós, será para a humanidade? À rigor, só houve um acontecimento que realmente atravessoui todos os ciclos e mudou o destino do mundo, mas essa história é melhor contada no natal. Deixemos para outra ocasião.

Portanto, um feliz ano novo a todos. Lembrem-se, é mais um ciclo, mas não significa que estejamos condenados a repetir os mesmos erros. Sejamos pelo menos criativos e experimentemos novos!

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