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Archive for janeiro \18\-06:00 2014

Paradoxos e hipocrisia

Vejam a distribuição da pirâmide econômica no Brasil.

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Eu me encontro na passagem da faixa verde-escura para a verde-clara, ou vice-versa. Para alguns eu sou classe média, para outros eu sou rico, ou mesmo pobre. Só o que sei é que graças a Deus eu não tenho tudo que quero, e espero nunca ter. Até porque isso é impossível. Por mais dinheiro e poder que alguém tenha, nunca terá tudo e sua frustração pode ser bem maior que a minha. Digo de coração que não tenho a menor inveja de quem tem mais do que eu, e não trocaria de lugar com nenhum deles.

Tem um monte de gente que acha essa distribuição absurda e escreve dia sim e dia também contra o 1% que está no topo. Para gente como Sakamoto, Brum, Safatle, Chauí, e tantos outros, esse topo da pirâmide é o foco de todo mal que atrasa o Brasil. Só que não é contra eles que vosciferam suas entranhas a cada porcaria que escrevem, é contra os que estão abaixo, a turma dos verdes claro e escuro, e que gostam de chamar de classe média. Na cabeça deles, se considerarmos que pensam com um cérebro, o que tenho minhas dúvidas, a classe média são um monte de zumbis sem inteligência e coração conduzidos pelos 1%.

O grande paradoxo é que quando vamos ver, esses marxistas, declarados ou não, pertecem justamente ao 1%. Não é a toa que recentemente a bruxa da filosofia, Madame Chauí, disse que não é a renda que define a classe econômica, mas o pensamento reacionário. Ela não tinha outra escolha. Só assim ela pode se passar por pobre ganhando seu salário de professor titular da USP, que a coloca no topo da pirâmide. Esses hipócritas gostam de dizer que as pessoas são produtos da classe a que pertencem, exceto eles, é claro, que são tão bons e inteligentes que conseguem ficar fora de todo este esquema, como se estivessem a parte da sociedade. De certa forma repetem o erro de Descartes, que para analisar a existência se colocou fora dela, como um observador fora do tempo e do espaço, ou seja, Deus. Eles se acham pequenos deuses que analisam a sociedade de fora a partir de um ponto de vista absoluto e imparcial. Conseguem estar no alto da pirâmide mas ao mesmo tempo não estar.

E fica eu, um bocó, que ganho bem menos do que eles, e que não sou financiado pelo governo, defendendo as liberdades individuais diante do pensamento pseudo-marxista dessas bestas. Bestas bem pagas, que fique claro. Assim temos um mundo em que o Sakamoto usa seu Mac Pro para atacar o capitalismo excludente e atacar empresas por exploração do trabalhador, fingindo que não sabe como foi fabricado seu apple. Fica o José de Abreu defendendo o comunismo ao mesmo tempo que procura um apartamento para comprar… em Manhattan! E o mané aqui fica defendendo o capitalismo, com todos os seus problemas, e de certa forma o direito do topo da pirâmide, do qual eles fazem parte, de ter e usar sua propriedade privada. Que mundo!

Só para terminar, o fato de defender o direito de cada um sobre sua propriedade não quer dizer que concorde com o uso que cada um faz do seu dinheiro e dos seus recursos. Só que liberdade só tem sentido diante da possibilidade de escolher mal; não existe isso de liberdade apenas para o bem, coisa que muita gente não consegue entender. Só existe valor em fazer a escolha certa quando era possível fazer a errada. Só existe mérito de fazer um bom uso de sua propriedade se tiver também a possibilidade de fazer um mal uso. Não acho que a liberdade seja absoluta, como querem os libertários, mas também não concordo que ela deva ser moldada para um resultado desejado pelas patrulhas da consciência alheia.

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A polêmica da suástica

Uma das polêmicas da semana foi a do restaurante que colocou alguns garçõns usando diversos símbolos militares, entre eles uma suástica. Parece-me que foi mais ignorância dos proprietários do que outra coisa, mas o acontecido despertou a revolta de muita gente e ficou parecendo que um empresário, essa classe do mal, obrigou seus garçons a usar símbolos nazista, como se ainda existissem coisas assim, especialmente no Brasil.

Achei o episódio em si curioso. Por que não poderia usar uma suástica? Por que o nazismo foi um ideologia baseada no ódio seletivo que gerou milhões de mortos, guerras e extermínio. Pois o comunismo-socialismo fez igual, ou ainda pior. Aliás, a II Guerra, nunca é demais lembrar, começou com uma dupla invasão da Polônia. Nazistas de um lado e comunistas de outro.

O nazismo é doutrina morta e enterrada. Se ainda existem alguns idiotas na Europa que ainda se fantasiam e pedem uma volta dessa doutrina demoníaca, são vistos como excentricidades e aberrações; ninguém os leva a sério. Mas com o comunismo é diferente. Basta olhar a nossa volta para ver os símbolos por toda parte: camisas com o rosto do chê, stalin e lenin; partido com o foice e o martelo como símbolo, publicações de exaltação ao comunismo; sindicatos com símbolos comunistas. O comunismo é uma ideologia baseada no ódio que gerou milhões de mortos mas que, ao contrário do nazismo, está muito viva. Teve até líder outro dia sendo devorado por cachorros.

Por que a distinção? Ou esses símbolos do mal são todos proibidos ou nenhum é. Vamos deixar de hipocrisisa. Trocando em poucas palavras: se Fidel pode, Hitler também pode. A diferença é que o primeiro ainda está vido, pelo menos até que o inferno pare de rejeitar sua chegada. E o segundo morreu há mais de meio século. De minha parte tenho desprezo por todos que citei aqui. Já alguns são mais seletivos, preferem seus demônios de extimação.

Raça de víboras.

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Sobre o rolezinho

O que me chama atenção nessa história do rolezinho é que tem gente realmente achando que quem frequenta shopping, especialmente aquele do Itaquera, é rico e a classe média do mal, que eles chamam singelamente de classe média. Nem vou entrar no mérito que esse conceito de classe econômica é uma abstração como já foi mostrado pelo historiador marxista, pasmem, E J Thompson. Ele descobriu que não havia nada que ligasse as pessoas pela faixa de renda, que não havia um comportamento ou ideologia comum a essas pessoas e, portanto, a classe econômica como entidade real simplesmente não existe. Seria como dizer que existe uma classe das pessoas canhotas ou das que gostam de pastel de queijo.

Mas, retomando, tem gente achando que são os ricos e descolados que frequentam os shoppings e que há um preconceito contra os pobres que estão invadindo esses verdadeiros templos de consumo porque graças ao imenso sucesso econômico dos governos petistas foram promovidos a uma espécie de classe média boa. Nesse caso, eles costumam se referir carinhosamente como classe C. Essa seria a evidência do sucesso de Lula e Dilma.

Pois essa gente precisa parar de fazer compras em New York, ou voltar para o país, pois vivem na segurança do estrangeiro, e darem um “rolé” pelos shoppings. O que mais se vê lá é classe C, com lojas âncoras do Ponto Frio, Casas Bahia, C e A, tudo bombando com o consumo. Classes A e B? Tudo no exterior ou no comércio online.

E porque a classe C está em massa nos shoppings?

PORQUE É O ÚNICO LUGAR ONDE POSSUEM SEGURANÇA PARA FAZER COMPRAS!

Perceberam o grito? A Classe C vai ao shopping para fugir exatamente dessas gangues que resolveram os perseguir no único lugar que tinham refúgio. E como reagem os intelectuais caviar? Gritam que se trata de preconceito! Que não há nada demais em um bando sair cantando funk e palavras de ordem contra essa sociedade burguesa de consumo. Ah, não roubaram ninguém. Claro que não, né? Não são burros. Enquanto forem um corpo estranho andando pelos corredores, estarão as vistas dos seguranças. O problema é quando se tornarem uma presença normal e não se diferenciar mais uma coisa de outra.

Pobre classe C. Só quer ganhar a vida e deixar de ser assaltada em cada esquina. Ainda tem gente que acha que a maioria das pessoas vítimas da violência são da classe média (a ruim). Uma bogagem, trata-se da classe C (a boa), justamente porque está com a bandidagem intranhada em seu interior. Tudo que querem é um espaço que possam levar os filhos e andar com segurança. Será pedir muito?

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Reativando o blog

Mesmo sem postar por quase 5 anos o material desse blog é visitado por mais de 100 pessoas todos os dias, com muita gente ainda comentando.

Quando parei de escrever aqui foi porque não vi esperanças de mudanças para a situação brasileira, pelo menos no curto e mesmo médio prazo. Simplesmente cansei de tratar sempre das mesmas coisas, dos mesmos assuntos.

A situação não mudou muito mas começo a ver reações isoladas que mostram que uma nova intelectualidade pode estar surgindo, à margem da universidade, como só assim poderica acontecer. Esse para mim é um dos maiores acertos do Olavo de Carvalho; não há salvação para o Brasil antes de recuperar a alta cultura brasileira. É preciso primeiro que as idéias corretas comecem a circular para só então se formar homens práticos para colocá-as em execução. Todos os homens práticos da atualidade, os políticos, estão tomados pelas idéias revolucionárias e sua distinção se dá apenas nas práticas. Alguns se entregam completamente a qualquer meio para atingir seus fins; outros possuem limites morais e éticos. E essa é a maior distinção entre PSDB e PT, por exemplo. Por isso a prioridade de curto prazo deve ser retirar o PT do poder o mais rápido possível, mas não nos enganemos. Nada disso vai resolver os problemas brasileiros, apenas vai dar mais tempo para que se formem os políticos com as idéias corretas na cabeça, como abertura econômica, liberdade de consciência, dignidade da pessoa humana, fundamento moral transcendente, etc.

Essa etapa não pode ser pulada, é preciso que entendamos isso. O Brasil não tem como melhorar na atual geração, apenas pode evitar piorar. Sem alta cultura, sem travar a guerra das idéias, ficaremos alternando entre manter a situação ou piorar ainda mais. Não se formam homens de ação sem os pensadores que os precedem. Os comunistas sabem bem isso e por isso tomaram as universidades ainda na década de 70, debaixo das barbas dos militares. Por isso dominaram as redações dos jornais. Por isso tomaram as telenovelas. Vejam, eles começaram esse processo na década de 60 e só foram chegar ao poder de fato e de direito em 2002. Foram 40 anos de projeto até sua realização. E tudo começou com a ocupação dos espaços na cultura.

Felizmente a internet abre uma potencialidade incrível para que as idéias circulem. Hora de ocupar espaço. Justamente o que pretende esse blog.

Bom 2014 a todos e bom combate!

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